quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

(2) HISTÓRIA DA MEDICINA

No curso dos séculos, junto aos povos que habitavam a Europa, notadamente as regiões mediterrâneas, os “curadores” tinham ciência de que as enfermidades eram causadas por distúrbios que, ainda que se manifestassem no corpo físico, por terem origem em aspectos atrelados ao egocentrismo, ao meio-ambiente ou, ainda, entalhados por emoções conflitantes, ocorrências indesejáveis ou influências de caráter moral, social ou religioso, provinham da mente.Estes indivíduos, por meio de rituais e cerimônias obravam na mente do enfermo objetivando o controle da ansiedade que é o componente mais devastador de quaisquer doenças. O escopo era estimular a faculdade de reação que o organismo humano possui a fim de lhe permitir curar a si mesmo.Hoje, esta concepção de cura, com ênfase no mundo ocidental, implica na aceitação de um sem número de considerações que transcendem o conceito cartesiano. Por esta razão são dificilmente compreensíveis pela medicina oficial e por todos aqueles que compartilham o paradigma que a rege. Todavia, em seus primórdios esta medicina valeu-se de inúmeras técnicas destes curadores, conhecimentos que no tempo, mesmo se foram desenvolvidos a partir de fundamentos inexatos, multiplicaram-se através de estudos, pesquisas e experimentações.Seus preceitos de cura, no entanto, mesmo se considerados oficiais nos países do Ocidente, não são os únicos, visto que há um pluralismo deles, incluindo os holísticos, aos qual a sociedade contemporânea recorre cada vez mais freqüentemente. Mas cuidado, porque este pluralismo não é um fenômeno hodierno, já que na medicina do velho Egito, por exemplo, mesmo se por um lado era baseada em conceitos hoje ditos sem caráter científico, havia muitas concepções biológicas, conhecimento de quadros clínicos e de farmacologia - ciência que era transmitida de geração para geração através de livros sagrados só a um pequeno número de sacerdotes, pois no papiro de Ebers, para exemplificar, são relacionados 500 diversos medicamentos do tipo pós, chás, cozidos, comprimidos etc. Além disso, há provas que crânios eram perfurados para curar enfermidades no cérebro, que dentes eram substituídos por outros de origem animal e que braços e pernas destroçados em batalhas, além de outros graves ferimentos, eram reconstruídos e suas feridas cicatrizadas.Há documentos que confirmam que a medicina Egípcia, assim como a Hindu antes dela, era uma atividade sacerdotal, portanto entrelaçada a crenças religiosas e praticas mágicas, pois havia a convicção que a maior parte das enfermidades tinha origem espiritual. Isto era praticado pelos Babilônios e Egípcios entre o III e II milênio a.C.Contemporaneamente, nos antigos povos celtas, que viviam naquelas regiões cobertas por bosques e florestas, quer dizer, completamente submergidas na natureza, havia os Druidas, os que curavam através de plantas medicinais, poções mágicas, ventos, lagos, cascatas e pela ação de espíritos e energias misteriosas - dádivas oferecidas pela mãe terra.Concomitantemente, entre os povos não budistas das regiões asiáticas e árticas - especialmente da Sibéria, existiam os Xámas (palavra que vem do russo tungue saman que corresponde a práticas de cura). O Xamanismo é sinônimo de uma vasta gama de crenças e práticas que compreendem a capacidade de diagnosticar e curar enfermidades além de todos os demais problemas que afetam o homem no seu relacionamento com a sociedade. Sua origem, mesmo se continua sendo uma realidade até hoje, se perde no longínquo pretérito, e o Xáma é aquele indivíduo que consegue entrar em contato com o mundo dos espíritos e deles obter não somente os diagnósticos das doenças, mas também o que fazer para curá-las. O Xamanismo entende que o ser humano integra um sistema onde cada enfermidade é conseqüência de uma desarmonia em seus domínios psíquicos, isto é, espirituais.A maioria destes povos, nos séculos, ao passar a integrar o império romano, lhe enriqueceu a cultura. A medicina, através de Galeno de Pergamo e Hipocrates, foi uma de suas muitas faces.Hipócrates, que é considerado até hoje o pai da medicina, era um asclepíade, isto é, um membro de uma família que durante gerações curara enfermos praticando a medicina de Asclépio, ou seja, Esculápio em romano.Nascido numa ilha grega, mesmo se as informações a respeito de suas viagens não são muitas, antes de fazer seu famoso juramento viajou não só pela Grécia, mas também pelo Oriente.É chamado o pai da medicina porque em suas obras há inúmeras descrições clínicas que permitem diagnosticar doenças como a malária, papeira, pneumonia, tuberculose e outras. E para ele, ainda, mantendo vivas as concepções de Esculápio, muitas epidemias se deviam a fatores mentais, climáticos, raciais, dietéticos e ao meio ambiente onde as pessoas viviam.Muitos de seus comentários, nos “Aforismos” (uma de suas obras), são válidos ainda hoje. Além disso, seus escritos sobre anatomia contêm descrições claras tanto sobre instrumentos de dissecação como a respeito de procedimentos práticos.No após queda do império Romano o mundo assistiu a decadência da medicina, e quando mais tarde, por volta do XIII século, apareceram às epidemias como a peste negra, elas ceifaram milhares e milhares de vidas.Simultaneamente, com a mesma celeridade que se perdiam os conhecimentos instituídos por Hipócrates, outros surgiam, Eram os do Cristianismo, que considerava Jesus um médico do corpo e da alma, pois os Evangelhos relatam que Ele e os apóstolos curavam doentes proferindo aos que eram curados que fora sua fé a salvá-los.Por conseguinte, como a medicina passou a ser considerada uma responsabilidade religiosa, os problemas de saúde eram tratados com preces, imposição das mãos e óleo santo. Um misticismo semelhante ao que há milênios era praticado no Oriente. Este conceito prosseguiu até que os homens se engajaram naquele movimento que veio a ser chamado iluminismo.Coube ao filosofo alemão lmmanuel Kant, (1724-1804) definir que o iluminismo era o estado em que o homem passara a ter a liberdade de se valer de sua própria razão, seu intelecto, para se libertar daquela condição em que era obrigado a aceitar os dogmas da igreja. Isso, diz Kant, o obrigou igualmente a criar a coragem para fazer uso da própria inteligência e, por conseguinte, a tomar suas próprias decisões, deixando, desse modo, de se deixar guiar pelo parecer dos outros.Foi este momento que propiciou á ciência separar-se definitivamente da religião e iniciar as pesquisas que a tornaram a instituição que é hoje. O resultado, entretanto, é que, mesmo se é representada por ateus, e, ao invés de ser preventiva, permite que anualmente laboratórios fature bilhões, a cabeça da grande maioria dos paciente continua crendo que é Deus que cura.

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