quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

(3) A MOLÉSTIA DO SÉCULO

O humor, no não estressado, é aquele estado emocional que colora sua existência com o pincel da alegria e a tinta da aquiescência, porque, independente do que acontece ao seu redor, mantém a visão de que viver é uma grande dádiva, mesmo se vez ou outra, no âmbito de um único dia, pode passar de uma fase elevada (acorda de manhã e, ao abrir a janela, independentemente de fazer sol ou chuva, frio ou calor, como os passaros, cantarolando agradece a jornada que se inicia. E a seguir, suplantados as tarefas matinais, otimista, parte ditoso rumo as responsabilidades do dia repleto de fidúcia e confiança em si mesmo, e por assim ser, não da a mínima para os transtornos do transito causados pelos afobados de todas as horas, ou pelos infindáveis congestionamentos dos dias chuvosos, porque da sua harmonia interior emana a paciencia e a tolerancia que o imunizam diante da maioria dos desapontamentos), para uma de baixo-astral (onde prevalece a tristeza e com ela a dificuldade de prosseguir quando diante de responsabilidades complexas). Nesse caso, entretanto, a tristeza é uma fase breve de abatimento fisiológico que vez ou outra surge quando diante de desafios mais complexos, que se esgota em si mesma, porém, na medida em que sua criatividade define soluções.No estressado, o estado do humor se caracteriza-se por um acentuado e constante baixo-astral, que não somente se prolonga no tempo, mas que ocupa espaços cada vez mais amplos em sua personalidade.O que caracteríza o estressado, ainda, é a perda de seus interesses pessoais, a incapacidade de se satisfazer mesmo diante de ocorrências que o beneficiam, e a falta de vontade para enfrentar o cotidiano.Além disso, devido a uma sensação de indiferença, isto é, descomprometimento afetivo, começa a se isolar progressivamente dos colegas de trabalho, de seus amigos pessoais e até da esposa e filhos se os tiver.As demais facetas incuem não mais valorizar seu aspecto pessoal e higiene. Seu vulto ostenta tensão, irrita-se com facilidade, sofre de ansiedade, dores, de pensamentos negativos. Sente comiseração por si mesmo, tem crise de choro e padece de sensação de culpa como se tivesse cometido erros irreparáveis. Fala com voz baixa e lamentosa, cansa-se facilmente e perde o apetite, o desejo sexual e o sono.Nas fases mais avançadas, pode adquirir manias como o jogo de azar, a aquisição descontrolada de quaisquer objetos, ou até sofrer de constante carência de sexo ou de irrefreável voracidade.O indivíduo chega a essa fase porque quando seu humor começou a ser contagiado pelo stress, não se deu conta que estava recebendo uma mensagem de si mesmo, um sinal (assim como acontece com uma dor) indicando que era o momento de começar a “pegar mais leve” ou de repensar sua vida.Caso de João e Alfredo.João, irritado por estar atrasado para um compromisso, tentando minimizar o prejuízo, imprimia ao seu veículo uma velocidade além daquela permitida em área urbana. Na sua frente, Alfredo, por não conhecer a região, a cada esquina diminuía a marcha para ler o nome da rua e, de guia na mão, tentava se situar.João, que já estava irritado, exasperando-se com as atitudes de Alfredo, começou a buzinar loucamente e insultá-lo.Ao perceber isso, Alfredo, também pavio curto, parou o carro e desceu para tirar satisfações.....Bem, o que teria imaginado João a respeito das atitudes do Alfredo? Tudo, menos à verdade. Mesmo assim, depois do incidente o nível de stress dos dois multiplicou-se exponencialmente.Caso da Mariana.Mariana, gerente de marketing de uma divisão de produtos de uma multinacional, assustada com a possibilidade de perder o emprego, somava desfavoravelmente o resultado não muito aplaudível da sua última campanha promocional. Preocupada com este fato, avaliava que seu diretor já não se relaciona com ela tão afavelmente como fazia.Convocada para uma reunião, apresentando-se ao diretor na hora aprazada, ouviu deste: Sinto, mas não vou poder atendê-la nesse momento vez que tenho ainda assuntos pendentes com o Fernando.Fernando, gerente de marketing de outra divisão, continuava expondo sua premissas, quando Mariana, ao fechar a porta, ouve o diretor perguntando: Fernando, você se sentiria confortável se lhe entregasse a responsabilidade de toda a operação!Mariana retornou à sua sala pensativa e logo seus olhos se marejaram de lágrimas. Aflita, pegou o carro e saiu para almoçar. Só que, perturbada, ao dirigir sem muita atenção, colidiu com outro veiculo. Machucada, é levada ao hospital, e seu nível de stress, agora maior, se incumbe de aumentar a pressão e degenerar seus sinais vitais.No dia seguinte, seu diretor e alguns colegas vão visitá-la, e ao se despedir para voltar ao trabalho, lhe diz: Mariana... Recupere-se logo porque estamos atrasados em relação ao planejamento da campanha que deverá se responsabilizar pelas vendas natalinas!As idéias que pairavam na mente da Mariana quando saiu para almoçar, podem ser imaginadas, mesmo assim estavam totalmente erradas. O acidente que sofreu por causa delas, no entanto, foi real, e lhe poderia ter causado danos físicos muito graves. Isso se deu porque, independentemente de vir ou não a ser demitida, ao invés de se comportar como um ser humano, racionalmente, portanto, agiu como um irracional.Caso do Manoel e Roberta.A estrutura do casamento mudou bastante nos últimos trinta anos. Antes, o matrimonio era uma força poderosa que combatia as tensões. Hoje, por ser comum marido e mulher trabalharem, os efeitos são antagônicos. Sim, se por um lado houve um aumento na renda familiar, do outro foram levadas para dentro do lar as pressões que acabaram desequilibrando os papéis tradicionalmente domésticos. Além disso, quando a esposa passou a ter peso igual nas decisões do lar, afloraram novas tensões.Manoel e Roberta havia quase um ano que não se falavam e muito menos partilhavam a mesma cama mesmo se permaneciam sob o mesmo teto. Havia entre os dois um acordo tácito, e este dizia respeito à separação.Causa:O marido, demitido há onze meses e ainda desempregado, para “amenizar a desonra” (segundo suas próprias palavras), passara a beber. Desonra, porque depois de tanto tempo, ele, além da casa, eram mantidos pela esposa, uma professora que para fazer frente à situação assumira em diferentes escolas uma carga horária que exigia, entre deslocamentos e aulas, que saísse de casa as cinco da manhã para só retornar 14 horas depois.Apesar do voluntariado da esposa a incompreensão deflagrara quando, após três meses sem ao menos uma entrevista apesar de ter enviado centenas de currículos, passou a acreditar, devido ao embaraço psicológico do momento, que se encontrava em um beco sem saída, isto é, que jamais conseguiria uma nova colocação com o salário que necessitava para fazer frente às despesas da família.Havia mais um agravante: a poupança (pouca, porque jamais haviam se preocupado em economizar) só garantiria o pagamento do imóvel adquirido por alguns meses. E o que aconteceria depois, assustava.Desempregado, sem maiores compromissos e querendo ajudar, passara a cuidar de algumas tarefas de casa e entre estas a cozinha. Desse modo, ao chegar em casa, a esposa encontrava a mesa posta... “Querido, como foi o teu dia?”, perguntava a mulher no decorrer do jantar. Esta pergunta, por algum tempo, teve respostas naturais pelo o marido. Logo, porém, cada vez mais estressado, principiou a ‘sentí-la” como uma cobrança... Está me cobrando o que?Não está vendo que faço o possível para encontrar um trabalho! A culpa não e minha se as empresas não estão admitindo ninguém! Em seguida, passando a beber mais, o alcóol se transformou em mais um desentendimento.É comum, em seqüência a desavenças nas quais com ou sem razão se percebe agredida, que a esposa passe a evitar o sexo. Foge do marido quando procurada, e, para evitar estes momentos, vai para cama tarde - depois que ele está durmindo, o mais cedo - fingindo estar em sono profundo quando ele deita. Outra medida comumente adotada é dormir no sofá na sala. Por conseguinte, a situação entre os dois ficou ainda mais tensa, porque, deixando de partilhar a cama, foi abandonado o único espaço que poderia amenizar as tensões.A esta altura, mesmo não dialogando entre si, cada um comunicou a seus familiares que iria se separar. Foi nessa altura dos acontecimentos que assumimos o compromisso de ajudar. Semanas após, entendendo a irracionalidade do seu comportamento, visto que o “braseiro” permanecia aceso, depois de dialogarmos por alguns dias, sugerimos ao casal um fim de semana em um hotel-fazenda.Na volta, reencontrada a harmonia e a serenidade que haviam perdido, ingredientes que também ajudaram o marido a encontrar um novo emprepo, depois que deixou a bebida, o carinho voltou a reinar entre os dois.CASO DA AVÓ DE 73 ANOSConhecemos uma avó com 73 anos que foi internada uma centena de vezes e teve que se submeter a 32 cirurgias, mesmo assim, seu estado de saúde permaneceu sempre lastimável. Este é o efeito. As causas: marido cardíaco, filhos separados e vivendo as turras com as ex-esposas por causa da pensão alimentar, netos semi-abandonados e entre eles um preso e outro jurado de morte devido ao seu envolvimento com o ilícito.Esta senhora, diante dos acontecimentos, após adentrar em um impasse (beco aparentemente sem saida) psicológico, a soleira através da qual ingressou em um período de vida “intranquila”, passou a somatizar, isto é, a desenvolver aquelas doenças que a induziram ao quadro clínico citado.Porque? Simples... Deixou a platéia na qual era “espectadora” (se tivesse continuado a sê-lo, isto é, se tivesse permanecido assistindo a “peça” como faria em um teatro, observando, analizando ou até criticando, mas sem poder intervir) e invadiu um “palco” que não era mais seu. Sim, depois que seus filhos se tornam adultos, o “script” materno ou paterno prescreve. Queiramos ou não, perde a validade.Decorrência: dentre todos os eventos negativos vivenciados pela família, o dela foi o mais grave.Depois que o jardineiro planta uma semente, só adubar, molhar ou oxigenar a terra para que como planta cresça forte e viçosa pode não ser suficiente...Em verdade, somente enquanto “seu caule é maleável pode ser corrigido se cresce torto”. Depois que se torna um tronco... Bem, se é o de uma arvore pode ser cortado. Mas...Só resta tolerar, perdoar, e estar pronto a estender as mãos quando houver uma solicitação. Se não há...Tentar ajudar, na melhor das hipóteses é tempo perdido. Na pior...As enfermidades daquela senhora.Como a sciencia esplica isso....Sob o estimulo de perturbações externas, o hipotálamo libera o CRH (Corticotropin Releasing Hormone) e endorfinas. O CRH estimula a hipófise, uma glândula do cérebro, e esta segrega o hormônio adrenocorticotropico (ACTH) que por sua vez estimula a secreção do cortisol (o hormônio do stress) por parte do córtex adrenal.O stress divide-se em três fases:Na primeira a hipertensão se manifesta pelo meio de um persistente estado de “alarme”, acompanhado por uma permanente sensação de perigo que faz com que o individuo se mantenha sempre na defensiva e pronto para agredir, situação esta que obriga o organismo a utilizar grande parte das suas energias.Na segunda constata-se um agravamento dos sintomas e o estado de “alarme” é substituído por um estado de “guerra” contra tudo e todos.Na terceira, sob o efeito do adrenocorticotropico, ou ACHT, um hormônio da família das endorfinas que é segregado em situações de stress, por não existir mais controle, o organismo passa a se desgastar por completo. Somatiza, isto é, o “soma” (corpo físico) afetado pela psique, Adoece.Esplicando melhor.Quando o indivíduo é agredido por um acontecimento “infeliz”, há uma reação hormonal no cerebro, atraves da hipófise, e as glândulas sopra-renais, ao se darem conta disso, liberam um hormonio. Esta segregação, atingindo o pancreas, neutraliza os glôbulos brancos, isto é, lhe impede de continuar exercendo sua missão que é defender o organismo contra as infecções. Em seguida, o sistema imunológico “avisa” o cérebro que foi “desativado”.Como a ciencia tenta curar isso? Com anti-depressivos. Em verdade, nas grandes cidades um indivíduo em cada grupo de dez toma antidepressivos, e quando uma mulher vai ao medico tem 30% de probabilidades de sair de seu consultório com uma receita desta droga. Mesmo assim, a enfermidade continua alastrando-se em termos exponenciais.As mais recentes manifestações a respeito, de acordo com um estudo desenvolvido nos EUA, dizem que a depressão está ligada a anomalia dos circuitos neuroniais no centro das emoções no cérebro, o que tornaria as pessoas depressivas frequentemente incapazes de controlar suas emoções por intermédio de esforço mental.Este estudo, que recorreu a uma tecnica de diagnóstico por imagem, demonstrou que, diante de situações de estresse, o cérebro das pessoas que sofrem de depressão grave reage de forma muito diferente das qua gozam de boa saúde mental.“Esperimentar sentimentos negativos frente a situações estressantes é normal” explica Tom Johnstone, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de Wisconsin-Madison, e principal autor deste estudo que foi publicado no “Journal of Neuroscience” de 15 de agosto p.p.“A incapacidade de controlar as emoções negativas e de voltar a um estado normal, após uma experiência penosa, é uma característica das depressões” acrescenta.Mas, o estresse tem cura? "Seja mais superficial em sua vida", ensina Robert M. Sapolsky. O acadêmico norte-americano fala em tom de blague e de maneira simples, mas explica: como não há cura para o estresse, embora trabalhe com algumas possibilidades de terapia genética para atenuar os efeitos nocivos deste no cérebro, o negócio é ser ou pensar mais simples. Em outras palavras, como uma zebra.Como uma zebra? Sim, porque as zebras só se estressam quando na savana se vêem diante de um leão. Então, usando todas as suas forças, fogem. Só que, uma vez passado o perigo, cessa também o estresse. O problema do homem, explica Sapolsky, é que se estressa mesmo na ausência do “predador”. Esse é o conceito que exibe no seu livro mais conhecido publicado em 1994: "Why Zebras Don't Get Ulcers" (Por Que Zebras Não Têm Úlceras).Quantas vezes ouvimos alguém dizer “que dia maravilhoso!” Talvez nunca, ou então em ocasiões totalmente atípicas. Não obstante, literalmente falando, todos os dias são iguais chova ou faça sol. A única alteração possível de um dia para o outro é o nosso humor. Sendo assim, se sentimos a necessidade de externar um pensamento (quando não a sentimos estamos sendo tolerantes), qualquer que ele seja, ele sempre reflete a nossa harmonia ou o nosso caos interior. “Que dia maravilhoso” expressa felicidade, paz e plena harmonização com tudo o que nos rodeia. “Que horror, este tempo é insuportável”, ao contrário, demonstra o nosso mau humor “desequilíbrio”.Por conseguinte, quando ouvimos alguém emitir um comentário semelhante a este último, estejamos atentos. É um alarme que soa para informar que não devemos nos envolver em nenhuma contenda com ele, caso inverso, poderemos estar iniciando um grave desentendimento.O não estressado, racionalmente, quando necessita sair e há uma tempestade, aguarda que as nuvens lufadas pelo vento se afastem ou toma as precauções cabíveis para não se prejudicar. O estressado, irracionalmente, ao invés de dar um tempo, sem sopesar as conseqüências sai de qualquer jeito.As pessoas, quando não se “fortalecem mentalmente” para suportar o “peso” daquilo que não desejam, similarmente a uma estrutura que começa a ranger, dar pequenos e intermitentes estalos quando acima dela depositaram um peso que não foi projetada para suportar, começam a chiar, bufar, mesmo pelas causas mais banais: se planejavam o sol em um determinado fim de semana, porque desejavam lavar e secar o tapete da sala ou ir para a praia, e ao invés disso chove, além de ficarem profundamente apoquentadas, o desgaste é tanto que por alguns dias continuam imprecando vez que não conseguem “deglutir” o que aconteceu. E o desequilíbrio se agrava se na segunda feira faz tempo bom. Nesse caso, encontramos a dona de casa comentando com as amigas, revoltada, que o mau tempo lhe estragou o fim de semana, e que há muito tempo, todas as vezes que pensa ir á praia, chove. Enquanto o marido se deleita enunciando este descalabro entre os colegas de trabalho e a noite no bar, durante a paradinha que habitualmente faz para saborear a derradeira.Nessa “atmosfera”, como em qualquer outra produzida por eventos semelhantes, se o cachorro late, os canários cantam, ou o papagaio do vizinho fala, a tensão atinge níveis que provocam perigosas reações: chutar o cachorro, bater na gaiola com a vassoura ou gritar para o vizinho para que de jeito no papagaio porque “enche o saco”.O descontrole assim gerado não tem limite, e por não tê-lo – sem pensar nas conseqüências e no provável arrependimento posterior, os mais insignificantes desentendimentos dão origem a desenfreadas discussões, que tanto podem acontecer entre o marido e mulher, pais e filhos, no trânsito, na padaria, no supermercado ou onde estiverem. Nesse estado, as pessoas passam a exercer papéis não somente ridículos, mas incabíveis. Estes, entretanto, são somente os efeitos exteriorizados, assim como o é a fumaça de enxofre e o pó que são arremessadas para o alto quando um vulcão se predispõe a entrar em erupção. E a pressão que se acumula internamente, no entanto, a que causa os maiores estragos.No caso de um vulcão a explosão pode abrir uma brecha ou destruir sua estrutura rochosa. No homem, somatizando, pode causar um acidente vascular, um câncer ou qualquer outra enfermidade grave.São incontáveis as enfermidades que vitimam a humanidade devido aos desarranjos psicossomáticos causados pela intolerância, a não aceitação dos opostos ou aos vícios que são assumidos a guisa de fuga diante das ocorrências que o homem, “corrompido” pelo bem estar que conseguiu para si mesmo, não tem mais força para enfrentar. Elas afloram porque o homem, ao perder a modéstia e a humildade (o segredo do sábio), tornou-se abusivamente arrogante e exigente demais. Por um lado, em sua audácia, afronta tudo e todos, mas se sobrepujado (na amalgama da vida há sempre mais insucessos do que vitórias), não sabe coexistir com a derrota. Chegou-se ao ponto que peita até Deus: inicialmente o exalta tentando suborná-lo, mas quando acontece o inevitável, culpando-o pelo acontecido, blasfema, impreca, chegando a se tornar ateu ou a se filiar a outras religiões para se vingar.Com a perda da humildade floresceu a impaciência, o lufa-lufa, a afobação, o querer já aqui e agora, e como essa irracionalidade insana é a antítese do equilíbrio emocional, com a perda dessa sobrevém o stress, e com ele prosperam, de certa forma sem controle, dezenas e dezenas de enfermidades.A característica que se estende em todos os casos, e que ninguém, por mais estressado que esteja, mesmo admitindo sentir dores, ter o pavio cada vez mais curto, não fazer a digestão, não conseguir dormir ou fazer sexo, não mais se relacionar com a família etc.etc., admite que sofre de stress.É fato, ninguém sofre de stress conscientemente. Só inconscientemente (a não ser aqueles que, por estarem esgotados por outras razões, se acreditam estressados), o que nos leva à psique de cada indivíduo e ao grau de aperfeiçoamento que em cada um deles ela alcançou.A psique, de acordo com os dicionários, é o inconsciente, a alma ou o espírito. O espaço para onde os traumas emocionais se transferem depois que as pessoas acreditam que conseguiram processá-los ao nível do seu consciente.Sigmund Freud, dizia que no inconsciente do homem se encontram os conteúdos psíquicos (desejos, impulsos, medos etc.) que a consciência escondeu de si mesma por não conseguir aceitá-los. O que o homem acredita que esqueceu (afastando dessa forma o sofrimento que lhe é inerente), mas que, por ter sido removido para o inconsciente, lá permanece até que, assumindo as mais variadas formas patológicas, quando o sistema defensivo da consciência não mais possui condições de realizar sua tarefa, emerge novamente.O trabalho da psicanálise, afirmava Freud, consiste em trazer à luz (lembrar) o que as pessoas desejaram esquecer, e fazer reviver as experiências traumáticas que estão na origem do sofrimento psíquico. Ele afirmava ainda: Aquilo que o homem pensa e diz de si mesmo através da reflexão racional, jamais é verdadeiro, porque é impossível que ele se de conta dos conteúdos psíquicos profundos, mesmo porque, ainda que alguns deles aflorem, ele os deforma para torná-los aceitáveis a si mesmo. Ocorre, desse modo, buscar a verdade através de manifestações nas quais a atividade racional é menos presente.DESEQUILÍBRIOSAs pessoas, quando não se “fortalecem mentalmente” para suportar o “peso” daquilo que não desejam, similarmente a uma estrutura que começa a ranger, dar pequenos e intermitentes estalos quando acima dela foi depositado um peso superior ao que foi projetada para suportar, começam a chiar, bufar, mesmo pelas causas mais banais: se planejavam o sol em um determinado fim de semana, porque desejavam lavar e secar o tapete da sala ou ir para a praia, e ao invés disso chove, além de ficarem profundamente apoquentadas, o desgaste é tanto que por alguns dias continuam imprecando vez que não conseguem “deglutir” o que aconteceu. E o desequilíbrio se agrava se na segunda feira faz tempo bom. Nesse caso, encontramos a dona de casa comentando com as amigas, revoltada, que o mau tempo lhe estragou o fim de semana, e que há muito tempo, todas as vezes que pensa ir á praia, chove. Enquanto o marido se deleita enunciando este descalabro entre os colegas de trabalho e a noite no bar, durante a paradinha que habitualmente faz para saborear a derradeira.Nessa “atmosfera”, como em qualquer outra produzida por eventos semelhantes, se o cachorro late, os canários cantam, ou o papagaio do vizinho fala, a tensão atinge níveis que provocam perigosas reações: chutar o cachorro, bater na gaiola com a vassoura ou gritar para o vizinho para que de jeito no papagaio porque “enche o saco”.O descontrole assim gerado não tem limite, e por não tê-lo – sem pensar nas conseqüências e no provável arrependimento posterior, os mais insignificantes desentendimentos dão origem a desenfreadas discussões, que tanto podem acontecer entre o marido e mulher, pais e filhos, no trânsito, na padaria, no supermercado ou onde estiverem. Nesse estado, as pessoas passam a exercer papéis não somente ridículos, mas incabíveis. Estes, entretanto, são somente os efeitos exteriorizados, assim como o é a fumaça de enxofre e o pó que são arremessadas para o alto quando um vulcão se predispõe a entrar em erupção. E a pressão que se acumula internamente, no entanto, a que causa os maiores estragos.No caso de um vulcão a explosão pode abrir uma brecha ou destruir sua estrutura rochosa. No homem, somatizando, pode causar um acidente vascular, um câncer ou qualquer outra enfermidade grave.São incontáveis as enfermidades que vitimam a humanidade devido aos desarranjos psicossomáticos causados pela intolerância, a não aceitação dos opostos ou aos vícios que são assumidos a guisa de fuga diante das ocorrências que o homem, “corrompido” pelo bem estar que conseguiu para si mesmo, não tem mais força para enfrentar. Elas afloram porque o homem, ao perder a modéstia e a humildade (o segredo do sábio), tornou-se abusivamente arrogante e exigente demais. Por um lado, em sua audácia, afronta tudo e todos, mas se sobrepujado (na amalgama da vida há sempre mais insucessos do que vitórias), não sabe coexistir com a derrota. Chegou-se ao ponto que peita até Deus: inicialmente o exalta tentando suborná-lo, mas quando acontece o inevitável, culpando-o pelo acontecido, blasfema, impreca, chegando a se tornar ateu ou a se filiar a outras religiões para se vingar.Com a perda da humildade floresceu a impaciência, o lufa-lufa, a afobação, o querer já aqui e agora, e como essa irracionalidade insana é a antítese do equilíbrio emocional, com a perda dessa sobrevém o stress, e com ele prosperam, de certa forma sem controle, dezenas e dezenas de enfermidades.CASO DA MARIAMaria, uma senhora de aproximadamente 40 anos que se queixava de dores de cabeça e de uma espécie de entorpecimento seguido de tonturas durante as quais pouco ou nada lembrava - além de fortes dores na coluna, mesmo depois de ter sido internada e tratada algumas vezes por causa destes distúrbios.Abandonada pelo marido, com um filho no exterior, um viciado e o outro com problemas de relacionamento, após se tornar depressiva, não só engordara desproporcionalmente, mas desenvolvera a tendência de afogar suas magoas no álcool.Havia dois novos fatores, entretanto, e estes surgiram contemporaneamente: O filho que trabalhava no Japão, após lhe dizer que estava fazendo as malas para voltar, mudou de idéia e renovou o contrato de trabalho por mais dois anos, e ela, que há mais de quinze anos trabalhava em uma grande empresa, ao perceber que esta iniciara um processo de terceirização, passara a temer ser demitida.No dia seguinte, após chegar em casa, uma repentina e intensa dor no lado superior direito da cabeça a deixou tonta, e segundos depois, ao se refazer, não reconheceu onde estava. Minutos depois, recuperada, foi ao hospital e lá foi retida para ser internada.Por continuar extremamente tensa, os vasos sanguíneos de uma região cervical, estreitando-se, dificultavam o fluxo sangüíneo, e esta ocorrencia provocava a dor de cabeça, a sensação de esquecimento e dormência.Em relação às dores da coluna, eram provocadas por duas causas diferentes: um deslocamento das vértebras lombares devido ao peso corporal e má postura, e na região dos ombros por causa da tensão causada pelo cenário mental que criara. Sem dúvidas conseqüências do stress.Minutos depois, curada e em paz consigo mesma, após uma explanação a respeito de como evitá-lo, lhe perguntamos se havíamos sido suficientemente claros. Sim, contrapôs, e lhe agradeço. Só não entendi o que isso tem a ver comigo. Sei que estou atravessando uma fase difícil, ela me atrapalha um pouco, mas não chega a me estressar!O stress, até alguns anos atrás só privilegiava os adultos, todavia, mais recentemente, ampliou seu leque e passou a envolver as crianças. O alarme partiu da Sociedade Americana de Hipertensão – a partir de agora, os médicos pediatras devem medir a pressão arterial dos pacientes com mais de quatro anos de idade.As novas diretrizes foram divulgadas num encontro recente de especialistas em Nova York e serão publicadas na edição de julho da revista científica “Pediatric”. O zelo se explica. Nos últimos dez anos, detectou-se um aumento significativo dos níveis de pressão arterial em crianças e jovens. E esse é um caminho para o desenvolvimento da hipertensão, um dos principais fatores de risco para o coração, ao lado do colesterol alto e do diabete.Pesquisas mostram que 80% das crianças com níveis de pressão acima do desejável, ou seja, a partir de 12x8, tem grande probabilidade de se tornarem adultos hipertensos. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que a hipertensão infantil era rara. Hoje já se sabe que ela é bastante comum, diz o cardiologista Flávio Cure, pesquisador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.Por trás do aumento dos níveis de pressão arterial nas crianças, estão o excesso de peso e o sedentarismo. Nos Estados Unidos, a porcentagem de meninas e meninos gordinhos, entre seis e onze anos, triplicou desde os anos 60. Uma em cada sete crianças é obesa, ou seja, está no mínimo 25% acima do seu peso ideal. No Brasil, estima-se que esse números seja o mesmo – as mães brasileiras adoram entupir seus filhos de farináceos e açúcar, na crença de que a gordura é sinônimo de saúde. Para estes casos, não há estratégia melhor do que orientar os pais a incentivar mudanças na alimentação e nos hábitos do dia a dia dos seus filhos. No entanto, em 5% a 10% das ocorrências, a hipertensão é sintoma de algum distúrbio, como alterações hormonais ou doenças cardíacas e renais congênitas. A saída são os tratamentos medicamentosos.Desde que a Food and Drug Administration, agência de controle de venda de alimentos e remédios nos Estados Unidos, autorizou estudos clínicos com crianças, os médicos estão mais seguros em prescrever remédios anti-hipertensivos para elas.As novas recomendações americanas, que certamente serão seguidas pelos pediatras brasileiros, só foram possíveis graça a um estudo de quase vinte anos, que acompanhou milhares de crianças de 1977 a 1996. Com base nos dados, os pesquisadores puderam definir a pressão ideal por idade, sexo e faixa etária. De maneira geral, meninos e meninas devem ter uma media de 11X7. Cerca de 20% das crianças que moram nos grandes centros urbanos, no entanto, apresentam uma pressão arterial de 12X8 para cima. Esse número se refere aos Estados Unidos, mas os especialistas acreditam que por aqui não seja muito diferente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário